O SEQUESTRO DA AMÍGDALA
Alguma vez você já se sentiu inevitavelmente tomado por uma emoção muito poderosa que fez você perder o controle? Alguma vez você se deixou levar e disse coisas das quais logo se arrependeu? Alguma vez você sentiu que era uma emoção que conduzia o seu comportamento? Se você respondeu afirmativamente a alguma destas perguntas, significa que você foi sequestrado em algum momento pela sua amígdala.
Lá no sistema límbico existe um componente chamado amígdala – que não tem nenhuma relação com as da garganta. Apenas o nome é o mesmo, só porque ambas lembram “amêndoas” em sua forma. A função da amígdala cerebral é funcionar como uma espécie de alarme que desencadeia reações de proteção em caso de alguma emergência. Ao perceber algum perigo, logo imagina o pior e trata de desencadear uma reação, que sempre será de algum tipo de emoção não racional, porque essa é a maneira animal de manter a vida.
O curioso é que a amígdala recebe a informação do perigo antes do neocórtex. Por isso, a reação começa antes mesmo que a pessoa tome consciência do perigo. Dependendo da situação quem assume o controle é o reptiliano ou o límbico. Muitas vezes nem há risco de verdade, mas até o raciocínio perceber isso o alerta já está dado. Parece incoerente, mas esse mecanismo garante uma percepção rápida do perigo. A natureza prefere errar por excesso de zelo.
Quando a amígdala toma conta da situação e provoca reações às vezes desproporcionais ao fato, dizemos que aconteceu o “seqüestro” da razão. O neocórtex foi superado e controlado pela amígdala por alguns instantes. Muitas vezes isso é bom, porque aumenta a velocidade da resposta diante de um perigo. É o que faz uma pessoa saltar ao perceber um carro aproximando-se em alta velocidade. A percepção da tragédia não é cortical (pensado), racional. É amigdaliana, instintiva.
O problema é que a amígdala interfere também quando há outro tipo de perigo, não físico, mas emocional. Nesse caso, quem assume o controle é o límbico. Durante uma divergência de opinião, por exemplo, gatilhos mentais acionam seu límbico que vai buscar na memória emoções que costumeiramente já foram usadas em situações como essa. Isso se dá de modo inconsciente e você não nota que está sendo tomado pelo sentimento de preservação de sua vida, ainda que seja a vida emocional. Sente apenas uma sensação de desconforto e medo, seguido da necessidade de agir daquela forma. De repente, pode acontecer o seqüestro da razão e você terá, com certeza, uma reação violenta, por palavras ou atos, desproporcional ao fato que a causou. Faltou contar até dez.
O sequestro da amígdala é um termo usado pelo psicólogo Daniel Goleman para explicar este tipo de reação emocional incontrolável. Goleman, como especialista em inteligência emocional, explica que o segredo de nos tornarmos irracionais tem a ver com a falta momentânea e imediata de controle emocional, porque a amígdala assume o comando do cérebro.
Quando nos deparamos com um evento de estresse importante, mesmo que não ameace a nossa sobrevivência, como um engarrafamento no trânsito, a amígdala nos sequestra. Isto faz com que todo o nosso organismo se encha de adrenalina e cortisol, que alteram nosso corpo ao longo de umas quatro horas de sequestro emocional.
E por isso, depois de uma emoção intensa provocada por um grande agente de estresse, costumamos sentir durante um tempo o que podemos chamar de uma “ressaca emocional”. Esta ressaca se deve aos hormônios que circulam ainda pelo nosso organismo e que fazem com que o mal-estar dure muito mais tempo.
O que podemos fazer diante destas situações?
Talvez você tenha ouvido falar que “quando estiver revoltado, chateado, é bom contar até dez, mas se você estiver muito bravo, então conte até mil”. Esta é uma estratégia muito inteligente porque quando a gente começa a contar, ativa o córtex, a parte frontal e lógica do cérebro, que como dissemos anteriormente, fica inibida durante o sequestro emocional.
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